quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Conectados


Enquanto aguardava a saída do professor da sala, num intervalo entre uma e outra aula, esperávamos no corredor eu e mais nove pessoas, observei que cada um estava isolado, ninguém conversava com ninguém. Um folhava o caderno, dois estavam de mão no bolso (eu e outro, hehe) e os outros sete estavam absortos em seus celulares. Cabeças curvadas, ombros arqueados e os dedos freneticamente digitando. É o mundo novo, o ciber espaço, a vida virtual que, ao mesmo tempo em que aproxima as pessoas distantes, pelas possibilidades de contatos que oferece, distancia os que estão próximos.
Logo no início da internet, com o surgimento do e-mail, que já é quase jurássico, cheguei a pensar que as pessoas iriam ler e escrever mais. Putz, que engano, a gurizada criou uma linguagem própria para a internet, uma gíria virtual. Hoje a coisa tá pior, ninguém escreve, só usam estas porcariazinhas chamadas de emotions, que a gente fica tentando decifrar o que significam.
Tenho colegas de sala de aula que ficam literalmente plugados na internet em plena aula e vão ao desespero quando a bateria do celular acaba. É um tal de caça tomada. Já vi vários usando celular acocorados junto às tomadas, enquanto o celular carrega. Não dão descanso pro coitado.
Assim estamos nos dias de hoje, conectados com o mundo e isolados ao mesmo tempo.

A Continência dos Atletas

Está rolando uma grande polêmica sobre os fato dos atletas olímpicos patrocinados pelas Forças Armadas prestarem continência durante a execução do hino nacional. Esta polêmica é um misto de ciumeira e de ranço ideológico.
Ciumeira na medida em que, atletas que receberam o apoio necessário, tornaram-se vitoriosos em seus esportes. Mas afinal, não é exatamente o que todos nós reclamamos? Não estamos sempre criticando a falta de incentivo aos desportistas, afirmando que só há apoio ao futebol e blá, blá, blá.
Vejo ai, também, um ranço ideológico, pelo fato deste apoio vir dos militares. Isto ainda assusta muita gente pelas lembranças do período da ditadura que vivemos, não há muito tempo. Sinceramente, militares cumprindo à constituição, respeitando as instituições democráticas e, ainda por cima, apoiando nossos atletas, não me assustam. Ao contrário, dá orgulho a cada execução do hino nacional e comemoração de ouro olímpico.
Certamente este incentivo é, ao mesmo tempo, uma forma do governo federal apoiar o esporte e uma maneira de dizer ao mesmo governo que, com apoio, nossos atletas se tornarão vencedores.