sexta-feira, 26 de novembro de 2010

RIO 40 GRAUS

Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos


A canção da Fernanda Abreu era premonitória. Este trecho nos diz tudo. Ao mesmo tempo em que o Rio da Janeiro é um cartão postal por suas paisagens exuberantes, tornou-se um caos urbano devido ao descontrole na segurança pública.

Onde o Estado falhou no cumprimento de suas obrigações, no atendimento à necessidades essenciais à garantia das condições mínimas para o exercício da cidadania, foi, gradativamente, perdendo espaço para o crime. Pode ser irônico, mas numa favela (ou comunidade como agora são chamadas) onde não há atendimento básico de saúde pública, o patrão da boca torna-se um herói quando garante o transporte até um hospital e paga os medicamentos para aqueles que não dispõem de recursos. É assim que acontece no interior das comunidades, o tráfico, com suas milícias, cuida até mesmo da segurança, afinal, ele não quer concorrência para seus negócios.

O crime tem seu preço, e é bem caro à sociedade. Foi preciso que a violência chegasse ao ponto de explosão para que o Estado reagisse.

A intervenção militar, com o apoio das Forças Armadas, a muito vinha sendo cogitada. Talvez por medo de retornar aos tempos da ditadura militar, que não deixaram saudade, muitos eram contra esta ação, temendo que os militares resistissem em regressar aos quartéis.

Felizmente vivemos tempos de democracia e isto por si só é motivo para entender a função constitucional das Forças Armadas, que é defender a soberania nacional, até mesmo contra seus iguais, dentro do país.

A ordem precisa ser restabelecida, para que a democracia continue sendo assegurada e a ação policial-militar empreendida no Rio de Janeiro não seja em vão. A partir da retirada do controle da comunidade das mãos dos criminosos, o Estado deve assumir as suas responsabilidades com a oferta de serviços que são sua obrigação, tais como saúde e educação, enfim, resgatar aquela população para o lado do bem.