quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Tolerância Zero

O Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Pedro Abramovay defende a aprovação do projeto que prevê o fim da prisão para pequenos traficantes. A justificativa para classificar o traficante como “pequeno” seria a quantidade de drogas que fosse apreendida com ele. Se a quantidade fosse pequena, poderia ser considerada para consumo próprio e, neste caso, ele não seria considerado um perigo maior para a sociedade.
Disfarçadamente, por esta linha de raciocínio, seria uma forma de tolerar o consumo de drogas. Um caminho perigoso no rumo da liberação ou descriminalização do consumo.
Alguns anos atrás, durante uma entrevista no Programa do Jô, o ator Carlos Vereza, foi questionado a respeito da descriminalização do consumo da maconha e lembro claramente da sua resposta: “Sou ra-di-cal-men-te con-tra”, assim mesmo, soletradamente, e acrescentou: “Todos nós já vimos o que aconteceu com muitos amigos nossos”. Jô Soares ficou constrangido com a resposta e não levou o assunto adiante.
Compartilho a mesma convicção de Carlos Vereza quanto ao assunto, contra as drogas temos que ter uma posição radical. Não é possível haver tolerância neste tema. Qualquer vacilo no combate ao tráfico é como uma pequena brecha em uma represa, cedo ou tarde ela se romperá.
Diminuir a periculosidade do traficante, pela quantidade de droga que porta ao ser preso, é tapar os olhos para o mal epidêmico que o tráfico causa à sociedade. Ainda que seja para consumo próprio, então estaremos permitindo que aquele indivíduo desgrace a si próprio e aos seus familiares. A droga está de tal forma presente na sociedade que cada um de nós conhece ao menos um caso de sofrimento de uma família que luta para resgatar um parente entregue ao vício. Não é segredo que o drogado, gradativamente, perde os vínculos familiares e profissionais e, neste caso, sem trabalho e necessitando dinheiro para o sustento do vício, passa a praticar pequenos furtos, primeiramente no âmbito familiar e em seguida fora de casa. É o caminho do crime.
Só há duas alternativas, ou continuamos hipocritamente fazendo de conta que desconhecemos o problema ou adotemos uma atitude de tolerância zero para com as drogas. Não há meio termo.