quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Quanto vale uma lâmpada?

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No último final de semana presenciei uma cena que me chamou atenção. Era início da madrugada de domingo, 01:00 h, quando um empresário, dono de uma pizzaria, estava encerando sua jornada de trabalho e subitamente, depois de guardar um cavalete de publicidade, organizar a frente de seu estabelecimento e preparar-se para fechar a porta, ele cumpriu uma última tarefa, subiu numa mureta e retirou uma lâmpada que ficava acima da entrada.
Este gesto, ao qual nos acostumamos e geralmente nos passa desapercebido, retirar e guardar uma lâmpada, obviamente para não ser depredada ou roubada, é de um enorme simbolismo. Por que alguém que, após uma jornada estafante de trabalho, da qual resulta a geração de empregos e arrecadação de impostos, preocupação com o preço dos ingredientes de suas pizzas, com a satisfação de seus clientes, com as contas para pagar, ainda tem que lembrar de retirar uma lâmpada. Certamente não é pelo preço de uma lâmpada, mas de várias que ele já tenha perdido.

Fiquei olhando aquela cena e confesso que aquilo me impactou. A que ponto chegamos nos níveis de criminalidade. Claro que se eu estivesse no lugar dele, faria o mesmo, mas, é uma situação de causar indignação, revolta, uma sensação de impotência. Será que a violência está nos vencendo? O que fazer para mudar este quadro? Quanto vale uma lâmpada para a sociedade? Vale o risco de torcer o pé ao retirá-la? Vale o risco de ser assaltando naquele momento? Vale a resignação de guardar e repor diuturnamente? Vale uma vida?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Durante a Caminhada


Esta semana retomei minhas caminhadas, sim, isto mesmo, retomei, pois durante as aulas não estava conseguindo. E agora a pouco, durante a caminhada aqui no meu bairro, Granja Esperança, na metrópole Cachoeirinha, hehe, no interior da praça da juventude observei algumas coisas que me fizeram refletir que, apesar da violência crescente e do império das drogas, uma decorrência da outra, nem tudo está perdido.
Enquanto eu caminhava, não estava sozinho, havia mais uma meia dúzia de caminhantes. Na quadra coberta havia uma turma jogando vôlei e outra turma jogando futevôlei na quadra de areia. Em uma das salas, lotada, acontecia a aula de capoeira. No palco do anfiteatro, alguns jovens dançando hip hop. No trajeto, ao passar pelo CTG Sinuelo da Amizade, que fica ao lado da praça, ouvi o som das botas dos gaudérios no assoalho, devia ser alguma invernada ensaiando. Considerando que hoje à noite a temperatura na rua está mais baixa, não tinha ninguém nos bancos nem na pista de skate, como em dias mais quentes.
Este relato é para dizer que há vida além da violência que nos assola, que nem tudo está perdido, que há muita gente preocupada com sua saúde e que tenta, apesar dos pesares, levar uma vida normal.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Cadê os leitores?

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Pois é, a Feira do Livro de Porto Alegre terminou hoje e desta vez vez não tive a oportunidade de ir até lá. É um sinal dos tempos difíceis que estamos vivendo, com a falta de grana, salário parcelado e por ai vai. A pouco comentávamos aqui em casa, com tristeza, que este ano não fomos na Feira. Faz parte da nossa cultura familiar visitar a feira para alimentar o hábito da leitura, que é algo natural aqui em casa. 
Os noticiários já estão divulgando as estatísticas, que dão conta de uma redução de 19% nas vendas, além de uma quantidade menor de visitantes. Não são números agradáveis, na medida em que o índice de leitura já é muito pequeno. Se ocorre uma redução na aquisição de livros, logo teremos menos leitores nos próximos meses, ou seja, menos pessoas esclarecidas, com capacidade de discernimento, de entendimento, de reação frente à realidade que nos é imposta pelos governantes de plantão.
Triste é povo que não lê. Condenado ao cabresto, à manipulação. Pronto, falei.

domingo, 23 de outubro de 2016

Estou com medo!

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Terminei de assistir as duas temporadas de Narcos, série da Netflix sobre o narcotraficante Pablo Escobar. É uma história ficcional/realista que retrata um período sombrio da Colômbia, onde a bandidagem impôs à sociedade um regime de terror com assassinatos de policiais, atentados com explosões que mataram muitos inocentes, sequestros e ameaças ao poder constituído.
O narcotráfico constituiu-se em um poder, não só pela força, mas infiltrando-se no dia-a-dia da sociedade lavando seu dinheiro sujo em empresas de fachada, praticando assistencialismo nas comunidades pobres onde o poder público não atua e também dentro deste, apoiando ou elegendo políticos simpáticos a eles ou até mesmo de dentro de suas fileiras. Pablo Escobar tentou fazer parte da política, mas não foi bem aceito no meio. Os parlamentares não aceitaram a concorrência.

Aqui no Brasil os números da violência estão assustadores e há muito tempo os nossos policiais evitam usar suas fardas no deslocamento para o trabalho, temendo serem alvos de bandidos. Além disso, Narcos nos dá outro recado. A experiência de legitimar o crime através da política é extremamente perigosa, em todas as instâncias. A banda podre da sociedade ganha força para manipular as leis a seu favor. É bom que fiquemos de olhos bem abertos.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A Prisão do Cunha

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Então, prenderam o Cunha. Esta é sem sombra de dúvida a notícia da semana. Mas é engraçado observar o efeito que esta prisão causa nas pessoas. A maioria comemorou, mas nem todos pelos mesmos motivos. Há aqueles que acreditam que, finalmente, a justiça está sendo feita, afinal, estamos vendo os grandes figurões da política e do empresariado sendo presos. Há aqueles que, mesmo querendo a prisão do Cunha, ainda creem que a Operação Lava Jato é seletiva e que faz parte de uma tentativa de aniquilação de um grupo político. De minha parte me incluo no primeiro grupo e torço para que o segundo esteja errado em sua concepção de teoria da conspiração. Espero que muitos outros caiam. Candidatos a se mudarem para Curitiba é o que mais tem em Brasília. 
Cunha é um símbolo e prendê-lo dá um significado especial à operação Lava Jato. Mostra que a operação não é brincadeira, afinal mexeu com alguém poderoso, tanto que foi eleito presidente da Câmara pela maioria dos seus colegas deputados. Por causa disto, muitos estão apreensivos com uma possível delação premiada do ilustre preso. Não creio que haverá. Tal qual o José Dirceu, Cunha permanecerá coerente consigo mesmo e negará toda acusação até o final. É meu palpite.

domingo, 16 de outubro de 2016

O NOBEL É NOSSO

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Imagino que a Academia que escolhe aqueles que receberão os prêmios Nobel seja composta por senhores e senhoras sisudas, daqueles que leem somente textos científicos, vestidos como personagens do século XVIII e, tal qual ingleses, as 5 da tarde, rigorosamente, reúnem-se para tomar chá. Mas a Academia não fica na Inglaterra e sim na Suécia e este povo me surpreendeu este ano ao conceder o Prêmio Nobel de Literatura a um representante que não é propriamente um erudito.Bob Dylan é country? Bob Dylan é pop? Ou Bob Dylan é rock? Ele é tudo isso junto e a Academia reconheceu não apenas o seu talento musical mas a sua contribuição para o mundo da cultura. Acertou a Academia, aplausos para eles. Fiquei felicíssimo com a escolha porque, como um amante da música, me senti também um ganhador do prêmio junto com Dylan.A música é meu vício, meu calmante e ver um representante da estirpe de Bob Dylan receber um prêmio, em geral concedido a escritores, é algo de um significado maravilhoso.Parabéns a Academia e viva a música!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Cadê o Rock?

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Tenho assistido ao caça talentos XFactor, da Band, na esperança de ver algo novo na música brasileira, estou falando de rock’n roll é claro. Mas, assim como outros programas do tipo, parece que estou assistindo uma seleção de calouros de algum programa americano. A maioria dos candidatos canta em inglês e, o que é pior, quase todos eles cantam música pop americana, destas que se houve toda hora, música comercial, empurrada pelas gravadoras nas rádios.
Quando entrei em contato com o mundo da música, lá na adolescência, as rádios tocavam de tudo, tinha MPB, samba, jovem guarda, tropicália e rock. Estou falando dos anos 70, década nos deu a black music americana e a disco music. Gosto não se discute, eu sei, mas vamos combinar que a qualidade musical está cada vez pior. Nada é tão ruim que não possa piorar, e assim tem sido desde a invasão da lambada. Veio o sertanejo melódico, axé, pagode, tchê music, kalipso, sertanejo universitário, funk, putz!
Quando vieram os anos 80 tivemos uma explosão rockeira nacional, Paralamas, Ira, Legião, Titãs, Engenheiros. Parecia que tudo ia bem, mas o rock nacional desapareceu, fora algumas exceções, verdadeiras resistências no mundo comercial das rádios e gravadoras. Até a Ipanema desapareceu, confesso que fiquei órfão quando encerraram as transmissões no FM.

Felizmente nem tudo está perdido. Nas andanças motociclísticas tenho assistido boas bandas, guerreiras nas trincheiras, tocando o bom e velho rock’n roll. O rock permanece vivo, no circuito underground, mas, se não fosse assim, não seria o rock.