segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Moacir Scliar

O último domingo foi um dia marcado pela tristeza. Logo pela manhã tomei conhecimento da morte do escritor Moacir Scliar.
Ficou um vazio, uma sensação estranha, de chegar às lágrimas como se houvesse perdido alguém da família.
A quantidade e a velocidade das informações que recebemos em nossas casas, pelo rádio, TV, jornal ou Internet, acaba nos aproximando de tal forma daqueles que exercem uma atividade de caráter público, que nos torna íntimos a ponto de sentirmos sua falta.
Mas Moacir Scliar estava acima desta classificação, também chamada de celebridades. Moacir escrevia com clareza e simplicidade e era acessível a todos, prova disto eram os convites para que fosse patrono de Feira do Livro de inúmeras cidades.
Foi um bígamo no exercício profissional, dedicando-se com extremo afinco tanto à medicina quanto à literatura, deixando ambas viúvas.
E foi graças à medicina que tive a grata oportunidade de conversar com ele. No primeiro ano da ocupação da Granja Esperança, em 1987, havia um clube de mães recém fundado que disponibilizou um atendimento médico de uma Ginecologista. Para a instalação do consultório faltava a mobília, especialmente uma maca apropriada para exames. Como eu era membro da Comissão de Negociação, coube a mim a tarefa de contatar com Secretaria Estadual da Saúde e solicitar apoio. Após alguns telefonemas, fui atendido por algum superior, acho que Secretário-Adjunto, que foi muito gentil e autorizou o empréstimo da maca. Para minha surpresa, este superior era o Dr. Moacir Scliar. Não resisti e pratiquei a tietagem, comentando um de seus livros.
Assim era Moacir Scliar, um cruzeirense que ainda assim tornou-se Imortal, provando que este não era um privilégio somente dos gremistas.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Oposição X Verdade X Situação

É possível existir duas verdades sobre o mesmo fato? Na política tem sido possível. É muito frequente, quase uma regra, ouvirmos daquele político que está na oposição, um discurso veemente ao fazer uma denúncia de algo que, no seu entender de oposição, não está correto. Por vezes, o tom da denúncia chega a ser ofensivo, a ponto de atingir o denunciado na sua vida privada.

A imunidade parlamentar, necessária para o bom exercício do mandato, acaba servindo de escudo para o oportunista de plantão que, de maneira inconsequente, faz acusações e denúncias nem sempre fundamentadas na verdade.

O mesmo vale para justificar o não atendimento das demandas da sociedade, como o aumento salarial dos servidores. Quando na oposição, o parlamentar vocifera todo tipo de adjetivo pejorativo contra o governo, incitando os servidores para manifestações públicas e até à greve. Mas, quando o mesmo lutador pelas causas sociais torna-se governo, imediatamente muda seu discurso, adotando a clássica resposta: “Isto será objeto de análise”, ou “Faremos o possível, de acordo com a capacidade financeira do tesouro”. Muitas vezes são as mesmas respostas já apresentadas em governos anteriores, mas naqueles casos não eram válidas. Agora sim, para ele servem.

A prática de “martelar” determinado assunto é, na verdade, parte de uma estratégia bem articulada que visa gradativamente construir uma imagem negativa de seu adversário, que está no poder. Recentemente assistimos ao massacre que a oposição realizou ao governo Yeda, quando, sistematicamente, repetiu determinados pontos (com visível apoio da grande mídia), especialmente no que se refere às escolas de latas.

O total de escolas que receberam os módulos habitáveis é insignificante, comparado ao número de escolas existentes, que beira a 2.600. Mas a repetição exaustiva levou à população a imaginar que estava em curso um processo de transformação de toda a rede escolar. Sequer foi discutido o porque da utilização de containeres.

A adoção desta solução extrema deveu-se ao fato de o Estado, por décadas, ter deixado de realizar as manutenções dos prédios escolares. Em todos os casos, prédios inteiros foram demolidos, por absoluta falta de condições de uso e por colocarem em risco a comunidade escolar e, em seu lugar, foram erguidos novos prédios. E onde acomodar os alunos durante as obras? Onde não havia espaço na própria escola, alunos foram realocados em prédios alugados, ou em salões paroquiais, e até mesmo na sede de alguma entidade social. Ocorre que, em alguns casos não havia alternativa e a hipótese de deixar alunos sem aula não estava em discussão, então o governo optou pela locação dos módulos.

Parece que o atual governo, pela insistência com que tem referido este tema, demonstra a preocupação em continuar demarcando este território, em uma óbvia tentativa de desviar a atenção da imensa quantidade de obras realizadas. Isto para não dar o gosto de reconhecer que os demais partidos são capazes de boas práticas.

Um pouco de humildade não faria mal neste momento.